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sexta-feira, 21 de abril de 2023

VEJA O DESTINO DE UM PELE VERMELHA





Ah! Como era lindo de se ver! O meu povo todo reunido em volta da fogueira, ali no centro da tribo! O velho pajé na frente da fogueira, iniciando mais um ritual, mais uma saudação para agradecer ao nosso Deus, a Tupã, por nossa fartura na caça, na pesca e na nossa pequena lavoura, pequena mais variada.


Logo que o sol nascia, a vida na aldeia se iniciava, aos poucos um a um ia se levantando, cada qual já sabia de sua obrigação.


Muitas obrigações eram para benefício da tribo toda, na verdade, a maioria, todos cooperavam.


Quando os guerreiros saíam para caçar, não era de quem caçou, toda caça do dia era dividida entre as famílias da tribo. Amparávamos uns aos outros. Tínhamos nossas leis, tínhamos poucos membros da Tribo que não agiam de forma para o bem comum, mas estes o Cacique com o Pajé saberiam decidir o que fazer.


Mas no geral a vida era calma,tranquila mesmo, éramos unidos e com as outras tribos que tínhamos trato selado de paz também nos uníamos nas horas difíceis, fosse dificuldades nossas ou delas, sabíamos o significado da palavra honra.


Um dia, não sabíamos, mas iríamos conhecer a deslealdade, a maldade gratuita, a vileza, gente que não tinha honra, gente que não valorizava a vida, que traria o fim de nossa paz.


Vieram não de jangadas, vieram com barcos imensos, não pelos rios, mas pelo oceano, traziam a falsidade, a tudo olhavam procurando uma forma de ganho para si, viam-nos como selvagens, como qualquer animal selvagem das florestas.


Com sorrisos e presentes tão simplórios, que para nós eram tesouros, pois não conhecíamos, ganharam a nossa confiança. Assistiram nossos rituais, olharam com cobiça as mulheres, aos poucos foram tomando conta. Nós em nossa simplicidade até achávamos que Tupã os havia mandado para nos ensinar. Triste ilusão.


Tomaram conta da terra, nos obrigaram a abandonar Tupã, ameaçando-nos de arder no fogo do inferno, mataram muito dos nossos, nos aprisionaram, tentaram nos escravizar, mas nós nos recusamos a obedecer, nos bateram, nos feriram, estupraram as mulheres, roubavam as crianças.
Trocaram-nos pelos pobres negros, que longe de suas terras não tinham como reagir.


Havia bons padres, nem todos eram bons, mas havia um ou outro que nos defendia, a estes recebíamos com carinho, mas pouco conseguiam fazer, aqueles que a tribo foi dizimada, levavam para as missões, eram bem tratados, só que cultuavam Tupã às escondidas, passaram a ter duas fé, não queriam ofender, era uma forma de agradecer.


Nós é que éramos selvagens? Nós que iríamos arder no inferno? Nós considerados até hoje os invasores da terra em que nossos ancestrais viviam. Nem a menos nos deixam em paz na terra que eles resolveram der a bondade de ceder a nós.


Enfraquecemos, não o corpo, o espírito, a confiança em Tupã quase desapareceu, as doenças dos homens brancos também nos matava, hoje o que somos?


Olho meu povo,tão humilhado, hoje imploram um espaço para sobreviver, imploram ajuda, alguns caem nas malhas dos vícios humanos, antes viviam das benção divinas, são taxados de preguiçosos, mas apenas perderam o sentido da luta da vida.


Ah se soubessem! Teriam lutado até o último indígena estar morto, pelo menos iriam viver com Tupã e lá com certeza uma terra lhes daria.


REFLEXÕES DE UM PELE VERMELHA

Psic. Luconi 19-04-2020


Eu pergunto: Mudou alguma coisa? Temos motivos para comemorar no dia 19 de abril?


quarta-feira, 19 de abril de 2023

PIEDADE JOÃO CAVEIRA


Quem somos nós para julgar o indigente que dorme debaixo de uma marquise na rua?

 
Por acaso foi-nos dado a toga de juiz para vesti-la e fazer seu uso a nosso bel prazer,
dentro dos parâmetros da radicalidade que alimenta o nosso ego, nos fazendo sentir que nossas verdades são inabaláveis e nossos conceitos os únicos a serem aceitos?
 
Desconhecemos por acaso a pluralidade das existências para negarmos a possibilidade de já termos sido um indigente ou o fato que aquele indigente que julgamos ser um dos muitos espíritos que angariamos débitos resgatáveis apenas com a moeda chamada AMOR?
 
Ou então não somos humildes o suficiente para compreender que mesmo que nenhum laço nem atual, nem do passado distante, nos liga a qualquer indigente, temos com certeza dívidas angariadas com o desamor que praticamos ao decorrer de nossas inúmeras reencarnações?
 
Talvez nos esqueçamos da dívida de AMOR que toda humanidade tem com aquele que
desceu da mais alta esfera de Luz apenas para nos ensinar a única forma de chegarmos a Olorun que ė a pratica do AMOR de forma desinteressada, sem questionamentos, apenas nos doando como ELE a nós se doou.
 
Deixemos o sentimento, que é aquele que
precede a caridade, intitulado piedade tomar conta de nosso coração, não o sufoquemos com a erva daninha da radicalidade e  do orgulho.
 
Não nos importemos com os julgamentos errôneos ou precipitados de uma sociedade decadente em sua moral, não será o pão que levaremos ao irmão desfavorecido que irá fazê-lo continuar debaixo das marquises.
 
Não neguemos o bálsamo do sorriso, nem o bálsamo do olhar que não julga, que demonstra compreensão e quem sabe não surgirá uma boa palavra não de reprimenda, mas de incentivo, de orientação.
 
Vamos não é difícil, são tantos irmãos que se não estão sob as marquises das ruas, estão sob as marquises de suas vidas, presos a situações jamais por nós imaginadas.
 
Você se diz uma pessoa de fé? A sua fé de nada adianta sem o real amor. Mais vale o ateu que pratica o amor, do que uma fé radicalista e hipócrita.

João Caveira (João de Albuquerque)
Psic. Luconi (Marcia)
12-03-2017