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sábado, 1 de março de 2008

FALANDO SOBRE MÉDIUNS





Todos os seres humanos são portadores da mediunidade, que nada mais é que o canal psíquico pelo qual recebemos as influências boas ou más dos espíritos desencarnados.

No entanto, nem todos têm a missão de desenvolver e praticar esta mediunidade. Aos que têm esta missão denominamos médiuns.

Existem vários tipos de mediunidade:

Vidência e a clarividência, a vidência é quando o médium ele mesmo sem interferências de espíritos, têm a visão do mundo invisível, a clarividência é quando o espírito do médium é projetado no mundo astral, o que chamamos de desdobramento, é uma vidência com alcance mais profundo podendo estender-se no espaço e até no tempo.

Audiência e a clauriaudiência, na audiência o médium sente a voz aparecer na intimidade do seu ser (uma voz dentro de sua cabeça), já na clauriaudiência ele houve a voz clara no exterior (no ambiente em que está).

Psicografia mecânica, semi mecânica e a intuitiva.

Psicofonia onde a entidade só toma as cordas vocais do médium e fala através do mesmo.

Incorporação, é quando aparentemente o médium é tomado pela entidade, fique claro ele o espírito não consegue tomar o corpo de outra pessoa, retirando totalmente o espírito encarnado do seu corpo. O que ocorre é que 
O ato de incorporar uma entidade consiste em fazer a conexão entre os chakras do médium e os do Guia.

A mediunidade não é um carma como muitos dizem, é uma possibilidade de crescimento espiritual, é uma missão.

Ser médium de Umbanda ou Kardescista é assumir a responsabilidade espiritual junto aos seus mentores, é antes de tudo um sacerdócio, é tornar-se um templo vivo.

Muitos podem desenvolver a mediunidade, mas poucos conseguem levar a êxito sua missão, pois requer equilíbrio físico, mental e emocional e para obterem isto é necessário realizar um trabalho interior constante, não ser radical, não ter idéias pré determinadas, ser honesto e jamais cobrar qualquer coisa, seja em valores ou em troca de favores para praticar o socorro dos irmãos.

Todo médium que se vangloria, se assoberba ou usa a mediunidade como fonte de renda, fatalmente estará fadado a mistificação e tornar-se-á uma presa fácil das forças do mal, estamos falando de trabalhos onde o medium incorpora sua entidade. Não estamos falando de oráculos, terapias holísticas, onde a pessoa se especializa, estuda, obtem formação profissional e depois dedica seus dias a dar este tipo de atendimento.  

Se o médium tiver consciência do seu trabalho ele será sempre amparado pela LUZ, a luz nunca abandona seus filhos.

O médium é antes de tudo um GUERREIRO DA LUZ.


Texto elaborado com a colaboração do irmão Washington de Oxossi em memória.

sexta-feira, 29 de fevereiro de 2008

MEDIUNIDADE NA MESA KARDECISTA E MEDIUNIDADE NA UMBANDA.



A mediunidade no chamado espiritismo de Mesa é acentuadamente mental, as comunicações são quase telepáticas, os espíritos atuam mais sobre a mente dos médiuns.

Espiritismo de Mesa não tem a missão de atuar no baixo astral contra os elementos de magia negra, como acontece com a Umbanda.


 Ele é quase exclusivamente doutrinário, mostrando aos homens e espíritos desencarnados que não encontraram a luz, o caminho a ser seguido para evoluírem espiritualmente em direção a Deus.


 Mostra portando o caminho iluminado, as razões de tantos sofrimentos e como evitá-los através do amor a Jesus, dos ensinamentos por Ele deixado, diga-se de passagem, missão muito importante, pois tem evitado muitas quedas dos encarnados e auxiliado a muitos desencarnados o caminho da luz.

A defesa do médium kardecista consiste quase exclusivamente na sua conduta moral e elevações dos sentimentos.

A mediunidade do médium ou cavalo de Umbanda é bem diversa do médium kardecista, considerando que um dos principais trabalhos da Umbanda é atuar no baixo astral,submundo das energias degradantes e fonte primária da vida.

Os médiuns de Umbanda lidam com toda sorte de tropeços, ciladas, mistificações, magias e demandas, lutando pela luz contra espíritos sumamente poderosos e cruéis, devido a isto os médiuns de Umbanda têm o seu desenvolvimento realizado com uma técnica específica, para se resguardar das vibrações e ataques das faladas falanges negativas, ele tem que se valer dos elementos da natureza: banhos de ervas, perfumes, defumações, oferendas nos diversos reinos da natureza. 


 Mas como explicava acima o médium se vale dos elementos da natureza como meio de defesa e limpeza da aura.

Torna-se indispensável à proteção constante de seus Guias e Protetores espirituais, em virtude que participam de trabalhos mediúnicos sempre com a intenção de ajudar aos necessitados não se importando se for o caso de enfrentar as falanges negativas, que tendo que recuar diante das falanges de Luz, ficam sempre a espreita esperando uma oportunidade de desforra.

Por isso a defesa espiritual do médium é feita por uma verdadeira tropa de choque, comandadas pelos experimentados Orixás, em nome de Deus, os médiuns são vigiados atentamente contra investidas adversas, pois infelizmente na Terra ainda é bastante rara a conduta moral superior, esta conduta por si só, seria uma proteção natural do médium.

Espírito que reencarna com o compromisso de cumprir missão na Umbanda, recebe no astral, antes da reencarnação nos complexos nervosos ou chacras um acréscimo de energia vital eletromagnética, necessária para suportar a pesada tarefa.

Por isso tanta diferença nos trabalhos de Mesa Branca e nos de Umbanda, mas todos são extremamente necessários na Terra, por isso deveriam unir-se, afinal o arquiteto projeta, o pedreiro constrói, mas alguém tem que limpar o terreno e fazer fundações seguras.

Texto baseado no livro “Lições de Umbanda e Quimbanda na palavra de um Preto Velho” autor W.W. da Matta e Silva, relato de Pai Ernesto de Moçambique.

quinta-feira, 28 de fevereiro de 2008

SETE LÁGRIMAS DE PRETO VELHO




Num cantinho de um terreiro sentado num banquinho pitando o seu cachimbo, um triste Preto Velho chorava.

 De seus “olhos” molhados, esquisitas lágrimas desciam-lhes pelas faces e não sei porque as contei. Foram sete. Na incontida vontade de saber, aproximei-me e o interroguei. Fala, meu Preto Velho, diz a teu filho porque externa assim uma tão visível dor?

E ele, suavemente respondeu.

 Estás vendo esta multidão que entra e sai? As lágrimas contadas estão distribuídas a cada uma delas.

A primeira, eu dei a esses indiferentes que aqui vem em busca de distração, para saírem ironizando aquilo que suas mentes ofuscadas não podem conceber...

A segunda, a esses eternos duvidosos que acreditam, desacreditando, na expectativa de um milagre que os façam alcançar aquilo que seus próprios merecimentos negam.
A terceira, distribui aos maus, àqueles que somente procuram as entidades de pouco esclarecimento sobre a doutrina verdadeira do Mestre Jesus, em busca de vingança, desejando sempre prejudicar o seu semelhante.

A quarta, aos frios e calculistas, que sabem que existe uma força espiritual e procuram beneficiar-se dela de qualquer forma e não conhecem a palavra gratidão.

A quinta, chega suave, tem o riso, o elogio da flor dos lábios mas se olharem bem o seu semblante verão escrito: Creio na doutrina de Cristo Jesus, nos Teus Caboclos e nos Teus Zumbis, mas somente se vencerem o meu caso, ou me curarem disso e daquilo.

A sexta, eu dei aos fúteis que vão de templo em templo, não acreditando em nada, buscando aconchegos e conchavos e seus olhos revelam um interesse diferente.

A sétima, filho, notas como foi grande e deslizou pesada? Foi a última lágrima aquela que vive nos olhos de todos os Orixás. Fiz doação dessa aos médiuns vaidosos que só aparecem no Templo em dia de festa e faltam às doutrinas. Esquecem que EXISTEM TANTOS IRMÃOS PRECISANDO DE CARIDADE, TANTAS CRIANCINHAS PRECISANDO DE AMPARO MATERIAL E ESPIRITUAL.

Assim, filho meu, foi para esses todos que vistes cair, uma a uma.

Texto extraído do livro: Umbanda de Todos Nós.
Autor: W.W. da Matta e Silva (Mestre Yapacany).

terça-feira, 26 de fevereiro de 2008

COMO AGIR DIANTE DE TANTOS PRECONCEITOS.



Diante de tantos preconceitos enfrentados, devo dizer que em meus trinta e sete anos de umbandista, nunca me preocupei com eles, porque para mim sempre bastou e basta a certeza absoluta que eu trabalhava dentro da “Lei do Amor”, a certeza absoluta que os meus guias só aceitavam trabalhos para o bem e que sempre procuravam esclarecer os consulentes que o Templo de Umbanda não é um lugar para se resolver problemas materiais e sim procurar solucionar problemas espirituais e procurar a evolução espiritual.

Claro que às vezes acumulo de energias negativas causadas por entidades menos evoluídas ou entidades das trevas, podem atravancar o nosso caminho, tirar a paz de nosso lar e deixar-nos doentes, estes espíritos podem ter sido direcionados a nós por meio de “trabalhos magísticos”, o que não quer dizer que tenham sido feitos em Templos de Umbanda, pois o verdadeiro Templo de Umbanda não se presta de forma nenhuma a isso, se o fizer não é Umbanda apenas usa o seu nome para enganar os fiéis. 
Como sabem grande é a possibilidade de  tais espíritos malignos  simplesmente ter se agregado a nós por vários motivos, entre eles os nossos pensamentos negativos os atraíram, ou algum protegido seu encarnado se sentiu prejudicado por nós e os direcionou com sua ira ou inveja, ou simplesmente são nossos inimigos por razões particulares deles, como dívidas nossas de outras encarnações, ou às vezes tentando ajudar alguém nos colocamos em seu caminho impedindo, às vezes até sem saber, que ele concretizasse o mal que pretendia contra sua vítima.

De qualquer forma a melhor receita para que tais energias negativas não nos afetem ou pelo menos amenizem até encontrarmos ajuda, é muito fácil, é só termos certeza dentro de nossa alma que maior é Deus, que mais cedo ou mais tarde a tormenta passa, pois Ele sem dúvida dependendo de nossos méritos e de nossa postura nos trará a solução, se tivermos que procurar algum Templo de Umbanda, Ele nos direcionará, a resposta sempre virá, é só confiar, crer e fazer jus a Ele.

Agora voltando aos preconceitos devo dizer que como nunca me importei, nem fui atrás de resposta, somente confiei Nele, veio até mim o parecer do inigualável “Chico Xavier”, o qual eu já postei neste blog com o título “Depoimento de Chico Xavier sobre a Umbanda”.

Texto escrito com a colaboração de amigos espirituais.

Luconi
26-02-2008

segunda-feira, 25 de fevereiro de 2008

DEPOIMENTO DE CHICO XAVIER SOBRE A UMBANDA



Antes de falarmos sobre os preconceitos da Umbanda, vou relatar abaixo o que Luciano Napoleão da Costa e Silva em seu livro Nosso Amigo Chico Xavier, relata o seguinte:

" Chico Xavier respeita todas as religiões e sincretismo religiosos e afirma que devemos respeitar o umbandismo, pois grande é a " legião de companheiros muito respeitáveis, consagrados à caridade que Jesus nos legou, grandes expositores da mediunidade que auxilia e alivia o próximo, credores do nosso maior carinho, da nossa maior veneração, conquanto estejamos vinculados aos princípios codificados por Allan Kardec. 
De nossa parte, devemos respeitar a todos e não contrariar a simpatia desse ou daquele irmão, conhecedores da Doutrina Espírita, que querem  permanecer no ritual umbandista, pois há problema de fórum íntimo cuja solução pertence ao livre-arbítrio de cada um".

Em outra passagem do livro no mesmo capítulo, o autor relata o seguinte: Não encontramos, em nenhuma declaração, Chico falar que umbanda é sincretismo religioso e sim " ritual umbandista " e devemos " esperar sempre a melhor orientação da Federação Espírita Brasileira..."
Em julho de 1953, à página 149, o órgão oficial da Federação, " O Reformador ", declarou oficial e textualmente: " Todo aquele que crê nas manifestações espíritas é espírita." Pelo, que estamos entendendo, os umbandistas creem nas manifestações, logo são espíritas..... "

Como vimos acima, o grandioso Chico Xavier, jamais recebeu nenhuma instrução dos espíritos iluminados que o cercavam contra a nossa Umbanda, muito pelo contrário e se resta qualquer dúvida a respeito da autenticidade da nossa Umbanda eu acredito que as declarações do maior médium de nossos tempos as dissipa.



Em memória
Edson Luiz Cerqueira Tavares
25-02-2008

domingo, 24 de fevereiro de 2008

PORQUE A UMBANDA SEPAROU-SE DA MESA BRANCA






A separação da Umbanda do culto Kardecista deu-se de forma radical, é claro que cada um teria que ter suas sessões próprias, mas isto não quer dizer que teriam de deixar de serem irmãos, pois dependendo do caso e da necessidade de cada irmão o mesmo seria atendido por este ou por aquele, e o médium cumpriria a sua missão onde o seu coração lhe pedisse. 
No entanto, na época um grupo sem estarem incorporados em nenhum de seus mentores, falando por si próprios, alimentados pelo preconceito não se dispuseram nem a tentar conhecer os novos mentores que se apresentavam.


Veja história verídica abaixo.

Vale a pena conhecer.


Como Surgiu a Umbanda
...Dedicar integralmente o tempo das sessões ao atendimento aos necessitados, Zélio Fernandino de Morais, médium que recebeu o Caboclo das sete encruzilhadas, o fundador da umbanda no Brasil, desencarnou em outubro de 1975, aos 84 anos de idade. De seu trabalho incansável resultou a umbanda de hoje, que é sem dúvida, a religião que mais cresce no Brasil.

...Da atitude de Zélio de Moraes que, incorporado, declarou estar “faltando uma flor” , na mesa da Federação Espírita de Niterói, surgiu uma das curimbas (pontos cantados) mais belas da umbanda, que diz:

“Surgiu no jardim mais uma flor,
Mamãe Oxum trazendo paz e amor.

Que vai crescendo, pôr este imenso Brasil.
Bandeira branca de Oxalá, força do além,
Mãe caridosa que ao mundo deseja o bem...
vai sempre em frente em frente ,
ó minha umbanda querida,
leva a doçura da vida para aqueles que não têm !....”

...Em fins de 1908, uma família tradicional de Neves, Estado do Rio de Janeiro, foi surpreendida pôr uma ocorrência que tomou aspecto sobrenatural: o jovem Zélio Fernandino de Moraes, que fora acometido de estranha paralisia, que os médicos não conseguiam debelar, certo dia ergueu-se do leito e disse “Amanhã estarei curado”.


...No dia seguinte, levantou-se normalmente e começou a andar, como se nada, antes, lhe houvesse tolhido os movimentos. Contava apenas dezessete anos e destinava-se a carreira militar na marinha.


...A medicina não soube explicar o que tinha ocorrido. Os tios, que eram padres católicos, foram colhidos de surpresa e nada disseram sobre a misteriosa ocorrência.



...Um amigo da família sugeriu, então, uma visita à Federação Espírita de Niterói, presidida por José de Souza, na época.


 No dia 15 de novembro de 1908, o jovem Zélio foi convidado a participar de uma sessão e o dirigente dos trabalhos determinou que ele ocupasse um lugar à mesa.

...Tomado por uma força estranha e superior a sua vontade, contrariando as normas que impediam o afastamento de qualquer dos componentes da mesa, o jovem Zélio levantou-se e disse :
...- Aqui está faltando uma flor! e retirou-se da sala. Pouco depois, voltou trazendo uma rosa, que depositou no centro da mesa.

Essa atitude insólita causou quase um tumulto. Restabelecida a “corrente”, manifestaram-se espíritos, que se diziam de pretos escravos e de índios ou caboclos, em diversos, médiuns. Esses espíritos foram convidados a se retirar pelo presidente dos trabalhos, advertidos do seu atraso espiritual.

...Foi então que o jovem Zélio foi novamente dominado por uma força estranha, que fez com que ele falasse sem saber o que dizia (De acordo com depoimento do próprio à revista Seleções de Umbanda, em 1975.).

Zélio ouvia apenas a sua própria voz perguntar o motivo que levava os dirigentes dos trabalhos a não aceitarem a comunicação desses espíritos e por que eram considerados atrasados, se apenas pela diferença de cor ou de classe social que revelaram ter tido na sua ultima encarnação. Seguiu-se um diálogo acalorado, e os responsáveis pela mesa procuraram doutrinar e afastar o espírito desconhecido, que estaria incorporado em Zélio e desenvolvia uma argumentação segura.

Um dos médiuns videntes perguntou , afinal:
- Porque o irmão fala nesses termos, pretendendo que esta mesa aceite a manifestação de espíritos que pelo grau de cultura que tiveram, quando encarnados são claramente atrasados? E qual é o seu nome irmão?

Respondeu Zélio , ainda tomado pela força misteriosa:
- Se julgam atrasados esses espíritos dos pretos e dos índios, devo dizer que amanhã estarei em casa deste aparelho ( o médium Zélio) para dar início a um culto em que esses pretos e esses índios poderão dar a sua mensagem e, assim , cumprir a missão que o plano espiritual lhes confiou.

 Será uma religião que falará aos humildes  simbolizando a igualdade que deve existir entre todos os irmãos, encarnados e desencarnados.
 E , se querem saber o meu nome , que seja este : “Caboclo das Sete Encruzilhadas”, porque não haverá caminhos fechados para mim.

O vidente interpelou a Entidade dizendo que ele se identificava como um caboclo mas que via nele restos de trajes sacerdotais.

O espírito respondeu então:
- O que você vê em mim são restos de uma existência anterior. Fui padre e meu nome era Gabriel Malagrida. Acusado de bruxaria fui sacrificado na fogueira da Inquisição em Lisboa, no ano de 1761. Mas em minha última existência física, Deus concedeu-me o privilégio de nascer como caboclo brasileiro.

- Julga o irmão que alguém irá assistir ao seu culto?, perguntou, com ironia, o médium vidente; ao que o Caboclo das Sete Encruzilhadas respondeu:

- Cada colina de Niterói atuará como porta-voz, anunciando o culto que amanhã iniciarei!
Zélio de Morais contou que no dia seguinte, 16 de novembro , ocorreu o seguinte:

- Minha família estava apavorada. Eu mesmo não sabia explicar o que se passava comigo. Surpreendia-me haver dialogado com aqueles austeros senhores de cabeça branca, em volta de uma mesa onde se praticava para mim um trabalho desconhecido.

Como poderia, aos dezessete anos, organizar um culto? No entanto eu mesmo falara, sem saber o que dizia e por que dizia.
 Era uma sensação estranha: uma força superior que me impelia a fazer e a dizer o que nem sequer passava pelo meu pensamento.

- E, no dia seguinte em casa de minha família, na Rua Floriano Peixoto, 30, em Neves, ao se aproximar a hora marcada , 20 horas , já se reuniam os membros da Federação Espírita , seguramente para comprovar a veracidade dos fatos que foram declarados na véspera, os parentes mais chegados, amigos, vizinhos e , do lado de fora, grande número de desconhecidos.

Às 20 horas , manifestou-se o Caboclo das Sete Encruzilhadas.
 Declarou que se iniciava naquele momento, um novo culto em que os espíritos de velhos africanos, que haviam servido como escravos e que, desencarnados, não encontravam campo de ação nos remanescentes das seitas negras, já deturpadas e dirigidas quase exclusivamente para trabalhos de feitiçaria, e os índios nativos de nossa terra poderiam trabalhar em benefício dos seus irmãos encarnados, qualquer que fosse o credo e a condição social.

 A prática da caridade , no sentido do amor fraterno, seria a característica principal desse culto, que teria pôr base o Evangelho de Cristo e, como mestre supremo Jesus.

O Caboclo estabeleceu as normas em que se processaria o culto: sessões , assim se chamariam os períodos de trabalho espiritual, diárias das 20 às 22 horas, os participantes estariam uniformizados de branco e o atendimento seria gratuito.

Deu, também, o nome desse movimento religioso que se iniciava; disse primeiro allabanda (ou um dos presentes assim anotou) mas considerando que não soava bem a sua vibratória, substituiu-o por Aumbanda, ou seja Umbanda , palavra de origem sânscrita que se pode traduzir por “Deus ao nosso lado”, ou “o lado de Deus”.

Muito provavelmente, ficou o nome umbanda , e não Aumbanda, porque alguém anotou a palavra separadamente (a umbanda).

A casa de trabalhos espirituais, que no momento se fundava, recebeu o nome de Nossa Senhora da Piedade, porque assim como Maria acolhe o Filho nos braços, também seriam acolhidos, como filhos, todos os que necessitassem de ajuda ou de conforto.

Ditadas as bases do culto , após responder, em latim e em alemão às perguntas dos sacerdotes ali presentes, o Caboclo das Sete Encruzilhadas passou a parte pratica dos trabalhos, curando enfermos, fazendo andar aleijados.

 Antes do término da sessão, manifestou-se um preto velho. Pai Antônio, que vinha completar as curas.

Segundo o jornal Gira de Umbanda (n.º 19 “As Verdadeiras origens da Umbanda do Brasil”), foi esse guia quem ditou o ponto hoje cantado no Brasil inteiro “Chegou, chegou, chegou, com Deus, chegou, chegou o Caboclo das Sete Encruzilhadas”.


Nos dias seguintes, verdadeira romaria se formou na Rua Floriano Peixoto, n.º 30, em Neves.
 Enfermos , cegos, paralíticos, vinham em busca de cura e ali encontravam , em nome de Jesus. Médiuns (cuja manifestações haviam sido consideradas loucuras) deixaram os sanatórios e deram provas de suas qualidades excepcionais.

 Estava fundada a umbanda no Brasil. 15 de novembro seria posteriormente, dia nacional da umbanda.


Cinco anos mais tarde, manifesta-se o orixá Malé exclusivamente para a cura de obsedados e o combate aos trabalhos de magia negra (obs. Orixá, na realidade não incorpora, apenas manda sua vibração à terra, é comum no estado do Rio, trata-se de um guia espiritual pela denominação do orixá segundo Ivone Mangie Alves Velho, em seu livro Guerra de Orixá).


Dez anos após a fundação da Tenda Nossa Senhora da Piedade (registrada como tenda Espírita , porque não era aceito na época, o registro de uma entidade com especificação de umbanda), o Caboclo das Sete Encruzilhadas declarou que iniciava a segunda parte de sua missão: a criação de sete templos , que seriam o núcleo do qual se propagaria a religião da umbanda.



Em 1935, estavam fundados os sete templos idealizados pelo Caboclo das Sete Encruzilhadas , sendo curiosa a fundação do sétimo , que receberia o nome de Tenda São Gerônimo (a casa de Xangô).

 Faltava um dirigente adequado ao mesmo, quando numa noite de quinta feira, José Alvares Pessoa, espírita e estudioso de todos os ramos do espiritualismo, não dando muito crédito ao que lhe relatavam sobre as maravilhas ocorridas em Neves , resolveu verificar pessoalmente o que se passava.

Logo que assomou à porta da sala em que se reuniam os discípulos do Caboclo das Sete Encruzilhadas, este interrompeu a palestra e disse:

- Já podemos fundar a Tenda São Jerônimo. O seu dirigente acaba de chegar.

O Sr. Pessoa ficou muito surpreso, pois era desconhecido no ambiente. Não anunciara a sua visita e viera apenas verificar a veracidade do que lhe narravam.
 Após breve diálogo em que o Caboclo das Sete Encruzilhadas demonstrou conhecer a fundo o visitante, José Alvares Pessoa assumiu a responsabilidade de dirigir o último dos sete templos que a entidade criava.

Dezenas de templos e tendas porém , seriam criados posteriormente, sob a orientação direta ou indireta do Caboclo das Sete Encruzilhadas.

Em 1939, o Caboclo das Sete Encruzilhadas determinou que se fundasse uma federação (que posteriormente passou a à denominação de União Espírita de Umbanda do Brasil, segundo relata Seleções de Umbanda n.º 7 1975), para congregar templos Umbandistas e que deveria ser o núcleo central desse culto, em que o simples uniforme branco de algodão, dos médiuns estabelecia a igualdade de classes e a simplicidade do ritual permitia.



Texto extraído do JUS-JORNAL DE UMBANDA SAGRADA –