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quarta-feira, 19 de abril de 2023

PIEDADE JOÃO CAVEIRA


Quem somos nós para julgar o indigente que dorme debaixo de uma marquise na rua?

 
Por acaso foi-nos dado a toga de juiz para vesti-la e fazer seu uso a nosso bel prazer,
dentro dos parâmetros da radicalidade que alimenta o nosso ego, nos fazendo sentir que nossas verdades são inabaláveis e nossos conceitos os únicos a serem aceitos?
 
Desconhecemos por acaso a pluralidade das existências para negarmos a possibilidade de já termos sido um indigente ou o fato que aquele indigente que julgamos ser um dos muitos espíritos que angariamos débitos resgatáveis apenas com a moeda chamada AMOR?
 
Ou então não somos humildes o suficiente para compreender que mesmo que nenhum laço nem atual, nem do passado distante, nos liga a qualquer indigente, temos com certeza dívidas angariadas com o desamor que praticamos ao decorrer de nossas inúmeras reencarnações?
 
Talvez nos esqueçamos da dívida de AMOR que toda humanidade tem com aquele que
desceu da mais alta esfera de Luz apenas para nos ensinar a única forma de chegarmos a Olorun que ė a pratica do AMOR de forma desinteressada, sem questionamentos, apenas nos doando como ELE a nós se doou.
 
Deixemos o sentimento, que é aquele que
precede a caridade, intitulado piedade tomar conta de nosso coração, não o sufoquemos com a erva daninha da radicalidade e  do orgulho.
 
Não nos importemos com os julgamentos errôneos ou precipitados de uma sociedade decadente em sua moral, não será o pão que levaremos ao irmão desfavorecido que irá fazê-lo continuar debaixo das marquises.
 
Não neguemos o bálsamo do sorriso, nem o bálsamo do olhar que não julga, que demonstra compreensão e quem sabe não surgirá uma boa palavra não de reprimenda, mas de incentivo, de orientação.
 
Vamos não é difícil, são tantos irmãos que se não estão sob as marquises das ruas, estão sob as marquises de suas vidas, presos a situações jamais por nós imaginadas.
 
Você se diz uma pessoa de fé? A sua fé de nada adianta sem o real amor. Mais vale o ateu que pratica o amor, do que uma fé radicalista e hipócrita.

João Caveira (João de Albuquerque)
Psic. Luconi (Marcia)
12-03-2017

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