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sábado, 1 de agosto de 2020

OXAGUIAN ME ESPEROU



Em 1972 iniciei meu desenvolvimento mediúnico na Sagrada Umbanda, naquela época quase não havia ensinamentos, minha mãe de Santo era uma mulher simples vinda do interior de SP, não sabendo ler ou escrever, havia se desenvolvido em um centro umbandista onde a mãe de Santo também não tinha quase nenhum conhecimento. Tudo o que sabia lhe fora passado oralmente, acrescentando o que a experiência dos anos lhe trouxera. 


Dessa forma, aprendi que Oxalá era Jesus, e que, era impossível alguém incorporar algum espírito natural dessa linha. Com o tempo fui incorporando em todas as linhas dos Orixás, não com minha mãe de Santo, ela não admitia. Mas quando iniciei em outro terreiro o guia chefe da casa chamava nos médiuns todas as linhas de Orixás, não importando se eram ou não pai ou mãe de cabeça do médium. 


Mas Oxalá não, Oxalá continuava sendo Jesus, mesmo que eu como muitos já havíamos bebido dos ensinamentos do mestre de luz Rubens Saraceni.  Assim passaram os anos, e após mais de quarenta anos na Umbanda, passei a frequentar um terreiro que cultuava as sete linhas com seus dois tronos em cada uma, portanto quatorze Orixás. Eu incorporava a todos, menos quando era chamada do Orixá Oxalá. Praticamente todos os médiuns incorporavam e quando o faziam sem exceção todos se curvavam parecendo velhos incorporavam em Oxalufã, mas eu não sabia, pra mim era só Oxalá. 


Numa gira onde estávamos exclusivamente louvando Oxalá, todos incorporaram, claro que eu não, porque no meu mental estava forte que Oxalá era Jesus, mesmo que já soubesse que ali estavam seres naturais da linha de Oxalá. Não me preocupava com isso, cantava, servia, batia palmas com muita fé, até que senti um espírito do meu lado, percebi que era alto, que trazia alguma coisa grande como ele em sua mão, mas não sabia definir, talvez fosse um cajado grande eu pensava. 


Ele passou a me irradiar e eu firmei a cabeça e pedi “- Estamos saudando Oxalá, é hora de Oxalá” depois eu dou passagem ao senhor. 

Mas ele continuou a irradiar forte e eu chamei a mãe para me auxiliar, comecei a falar: Tem um homem aqui alto com um cajado que quer incorporar e ……...Nada mais falei ele havia incorporado. 


Não sei dizer o que senti, o peito explodia, a emoção era muita e na minha cabeça só ouvia: OXAGUIAN repetidas vezes. 


Quando desincorporei chorei, chorei porque percebi que estava com muita saudades daquele espírito, senti seu amor e seu cuidado para comigo e de repente mãe e pai de santo me chamaram com lágrimas escorrendo pelo rosto. 

O pai disse: Eu vi, eu vi, seu Oxalá é Oxaguian. Estavam emocionados porque sabiam que com 45 anos de incorporação, Oxaguian não havia incorporado, porque o meu mental estava bloqueado, achando que Oxalá era Jesus. Estavam emocionados porque ele deixou claro através de gestos que era meu Pai e também por ser até aquele momento o único Oxaguian. 

Já se passaram mais de três anos e eu ainda choro quando lembro do dia que ele veio, esperou 45 anos, por amor a mim esperou meu mental aceitar, meu Pai me deu a maior lição de humildade, de amor e de fé. 


Gratidão eterna a Eveline, Guilherme e Mel, vocês derrubaram esse bloqueio. Que Olorum os abençoe e pai OXALÁ fortaleça a fé de todos. 


Luconi

01-08-2020



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