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sexta-feira, 24 de julho de 2009

O MEU ANTIGO TEMPLO



Frequentava um terreiro que não era grande, éramos uns seis médiuns e dois cambônios todos muito unidos, realmente procurávamos sempre trabalhar voltados para o bem, tínhamos sempre muita dó do Chefe do Terreiro, porque apesar da assistência passar pelos nossos guias para consulta e passes, eles faziam sempre questão de irem ao pé dos guias do chefe, esperando sempre o preto velho ou o baiano incorporar para pedirem diretamente a eles .

Por incrível que pareça faziam as mesmas perguntas que já haviam feito com os outros médiuns, ou davam um jeito de levarem alguma coisa para cruzar e diziam para isto tem que ser ele, tudo bem só que aproveitavam o momento para começarem longos diálogos, pior ainda quando começavam um rosário de sonhos, que já haviam contado para o guia que os havia atendido, desta forma a gira sempre se prolongava além do necessário.

Nada adiantava quando antes de iniciar a gira, um de nós, esclarecia que ali estavam para melhora espiritual, que para problemas materiais poderiam pedir proteção, desabafar, mas deveriam confiar no guia do médium que eles próprios haviam escolhido para consultar ou tomar seus passes.

 Muito menos adiantava dizer a eles que o Pai apesar de novo tinha sérios problemas de pressão arterial e que deveríamos poupar a sua matéria, deixando para os seus guias apenas os trabalhos que os guias dos outros médiuns direcionassem para ele.

Nada adiantava cada um pensava só mais um pouquinho não custa nada, ou ora o meu problema é mais importante, ou não quero que ele trabalhe espiritualmente quero só conversar um pouco e desta forma os abusos continuavam e os pedidos às vezes se tornavam absurdos.

O pior é que se os convidássemos para estudos, para aprenderem os pontos cantados, para participarem de alguma reunião para organização de alguma festa, eles perguntavam se os guias haveriam de vir, e ao respondermos que não, poucos diziam que viriam, e no dia marcado da assistência ninguém vinha, era raro.
Com isto aos poucos os médiuns mais antigos se cansavam, alguns mais novos se afastavam, pois na realidade os médiuns que vinham daquela assistência quando percebiam que mediunidade é missão, cumprida com amor através de muita doação e que nenhuma vantagem neste fato teriam, não seguiam em frente, e nosso grupo sempre retornava ao princípio os mesmos quatro médiuns que haviam iniciado, éramos conscientes que muita caridade nossos guias prestavam e isto para nós era o mais importante a parte da assistência que nunca se educava, que nos via como espetáculos, sabíamos que era nossa obrigação continuar tentando para que amadurecessem e procurassem ali sua evolução espiritual.

Trabalhamos dessa forma mais ou menos uns quinze anos, até que nosso querido Chefe, ou responsável pelo terreiro como ele fazia questão de dizer, pois era tão humilde que sempre se igualava a nós, adoeceu e aos poucos teve que se afastar, como na época já dois médiuns dos antigos mudaram-se para outra cidade, os que restaram não tinham confiança para continuarem, desta feita o nosso querido Templo fechou-se.

Hoje encontro algum desses filhos em outros terreiros e muito me orgulho disso, pois continuam com a essência pura procurando evoluir dentro da fé, praticando caridade pura, outros abandonaram a Umbanda, encontrando-se em outra doutrina religiosa, mas mesmo assim continuam tendo a proteção dos Orixás como qualquer ser vivente desta Terra.

Eu sinto saudades, do tempo em que participava de uma corrente onde os corações eram simples e puros, onde eu aprendi muitas coisas, principalmente que Maior é Deus e que nada nem ninguém deste mundo ou do outro nos afetará se nos mantivermos dentro das Leis Divinas, dentro da Caridade e principalmente da Humildade.

SARAVÁ PAI JOÃO DE ANGOLA, SARAVÁ ZÉ PILINTRA, SARAVÁ CAPA PRETA,
SARAVÁ A TODOS MEUS GRANDES AMIGOS,
OBRIGADA, OBRIGADA.

LUCONI
INSPIRADA PELOS GRANDES AMIGOS,
EM 24-07-09

Um comentário:

  1. Saudações Fraternas! Pois é irmã, saudades refrigeram a alma e adoça os sentimentos, nos põe de volta ao chão e recorda-nos da transitoriedade da vida, comungo contigo as saudades, um dia de forma velada, te direi a respeito! Abraços!

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